Allan Kardec

  1. RIVAIL, O EDUCADOR

Nasceu no dia 03 de Outubro de 1804, de antiga família lionesa, na cidade francesa de Lyon, com o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail (conforme o registro de batismo) ou Denizard Hipollyte Léon Rivail (segundo o registro civil), aquele que, cerca de cinquenta anos depois, com o nome de Allan Kardec, entraria em contato com fenômenos que dariam início a longos estudos sérios e metódicos que, sob a direção da Espiritualidade Maior, traria ao mundo a Doutrina dos Espíritos.

Ao redor dos onze anos de idade, seus pais o enviaram para estudar em Yverdon, na Suiça, no Instituto de Educação fundado e dirigido pelo célebre pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi. Aí se formaria um homem que pode ser incluído “na classe dos homens progressistas e dos livre-pensadores” (Revista Espírita, maio de 1869)

Acredita-se que ali tenha estudado (e ensinado, pois os alunos mais aplicados eram elevados a submestres) até 1822, quando voltou à França, estabelecendo-se como professor, em Paris, à Rue de La Harpe.

Rivail interessou-se também, nessa época, pelo mesmerismo ou magnetismo animal e começou a frequentar os trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, tornando-se ele próprio um magnetizador.

Além de lecionar, Rivail escreveu inúmeras e importantes obras pedagógicas, especialmente sobre aritmética e gramática francesa, além de tratados sobre educação pública.

Em meados de 1825, fundou e dirigiu uma “Escola de 1º Grau”, seguindo a metodologia inovadora de seu mestre Pestalozzi.

Fundou também, em 1826, o Instituto Técnico Rivail, modelado no recém-extinto Instituto de Yverdon.

Alguns anos depois, passando por dificuldades financeiras, Rivail não se deixou abater e passou alguns anos trabalhando como contabilista, dedicando, porém, as noites ao labor na área da educação, elaborando novos livros de ensino, traduzindo obras literárias ou de estudo (principalmente do alemão e do inglês, embora conhecesse também holandês, grego, latim e outros idiomas), preparando cursos que ministrava em escolas, organizando e ministrando em sua própria casa, cursos gratuitos sobre vários assuntos para alunos carentes.

Educador emérito, caráter firme e honesto, exemplo de fraternidade, foi homem de grande projeção na França, membro de sociedades literárias e científicas e recebeu muitos títulos.

Em 1832, casou-se com a professora Amélie-Gabrielle Boudet, que foi sua companheira e valiosa colaboradora por toda a vida. Não tiveram filhos.

II)   O PRIMEIRO CONTATO COM OS FENÔMENOS ESPÍRITAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Ao redor de 1850, tornara-se moda na Europa e nos salões de Paris, reunirem-se as pessoas ao redor de mesas, que giravam e batiam os pés, respondendo a perguntas através de pancadas.

Convidado a presenciar os fenômenos, no início Rivail não se interessou pelo que parecia ser, simplesmente, uma diversão social.

Por insistência de amigos, em maio de 1855 foi observá-los e percebeu que aqueles fenômenos eram reais e devidos a uma causa inteligente. Essa causa se revelou, nas suas pesquisas, como os Espíritos dos homens que já teriam vivido na Terra. Pesquisando mais, verificou que os Espíritos manifestantes não eram todos iguais em conhecimento e moralidade, mas que suas informações eram muito valiosas.

Prosseguindo nesses estudos, observou os fenômenos mediúnicos em todos os seus aspectos. Revisou cinquenta cadernos de escritos mediúnicos, formulando indagações aos Espíritos. Serviu-se, para tanto, de mais de dez médiuns, especialmente as Srtas Baudin e Srta Japhet.

Deduzindo consequências dos fenômenos, aplicando invariavelmente o espírito crítico e o raciocínio filosófico nos estudos e experiências, formou a sua convicção sobre “a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade” – segundo os ensinos trazidos por Espíritos Superiores, ensinos que vieram a constituir a Doutrina dos Espíritos, que ele denominou de Espiritismo.

“Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como teria feito com homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores predestinados. Tais as disposições com que empreendi meus estudos e neles prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que segui constantemente.” (Obras Póstumas, 2ª Parte, pg 269)

“Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, entregue à publicidade em 18 de Abril de 1858.” (Obras Póstumas, 2ª Parte, pg. 270)

  1. KARDEC, O CODIFICADOR

Para a publicação das obras espíritas, objetivando distingui-las das que produzira pelo seu próprio conhecimento como pedagogo, adotou o pseudônimo de Allan Kardec, nome que, conforme revelação feita por Zéfiro, um Espírito que se dissera protetor da família e que havia convivido com Rivail em encarnação anterior, ele usara, também em solo francês, entre os druidas.

Importante observar que, como o próprio Kardec afirma, sua parte na obra de revelar a Doutrina Espírita, foi a de coletar, coordenar e divulgar os ensinos. E, por organizar esses ensinos revelados pelos Espíritos, formando uma coleção de informações (um código), é que Allan Kardec foi chamado “O Codificador”.

Para apresentar ao mundo a Doutrina Espírita, Kardec escreveu várias obras, entre elas destacamos as cinco obras básicas:

“O Livro dos Espíritos” (18/04/1857),

“O Livro dos Médiuns” (janeiro/1861),

“O Evangelho Segundo o Espiritismo” (Abril/1864),

“O Céu e o Inferno” (Agosto/1865),

“A Gênese, os Milagres e as Predições” (Janeiro/1868).

Importantes também, como detalhes, argumentação e finalidade de divulgação e compreensão mais rápida e acessível ao grande público, ressaltamos pequenos livros que também escreveu, como “O Principiante Espírita” e “O Que é o Espiritismo”.

Editou, a partir de Janeiro de 1858, a “Revista Espírita”, publicação mensal, onde respondia a dúvidas e questionamentos, argumentava com seus detratores e explicava pontos da Doutrina, revista que dirigiu até sua desencarnação.

Fundou ainda a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, em 1º de Abril de 1858, que foi modelo de organização espírita, quanto aos estudos e experiências necessárias para fundamentar a Doutrina dos Espíritos.

  1. DESENCARNAÇÃO

Foi a 31/03/1869, em Paris, em pleno trabalho de estudo e organização de novas tarefas espíritas e assistenciais, que Allan Kardec desencarnou, pelo rompimento de um aneurisma.

Além do trabalho e dedicação à educação, sua vida se pautou também pela tarefa grandiosa de codificar a Doutrina trazida pelos Espíritos, para que pudéssemos entender melhor as leis divinas, recebendo com isso, conforto, bom ânimo e esperança para nossas vidas.

BIBLIOGRAFIA:

  • GODOY, Paulo Alves de. Os Grandes Vultos do Espiritismo. Edições FEESP.
  • KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Edições FEESP, 2011.